— Daqui em diante, ocultarei mais as Minhas divinas palavras; será, como há tempos te prometi, um êxtase mais de amor. Mas, nem gozando deste amor, estarás sem dor. É um meio que Eu uso, filha querida, de esconder para ti as Minhas graças, as Minhas riquezas, as maravilhas prodigiosas, que opero em tua alma. Assim posso evitar qualquer falta da tua fraqueza, por mais leve que ela fosse; assim posso tirar para as almas grande proveito. Promete-lhes, promete-lhes, em Meu nome, a salvação, o perdão das suas culpas, a graça de não Me ofenderem; promete-lhes tudo o que é Meu, àqueles que o quiserem receber. Espalha, transmite, irradia todo esse amor, que hoje te dou. Criei-te para elas, por ti lhes dou tudo.
Quando Jesus disse que me dava todo o Seu divino amor, saíram das Suas divinas chagas e da Sua sacrossanta Cabeça, das feridas dos espinhos raios de fogo como raios de sol. Do Seu sagrado lado, da chaga do divino Coração vieram uns poucos de raios, juntos de encontro ao meu, vieram como setas que me feriram, e, ao mesmo tempo, abrasaram. Embebida naquele amor pareceu-me deixar; ao mesmo tempo que gozava, sofria; o coração ardia, todo o corpo parecia nadar em amor, mas a alma chorava e que dorida que ela estava. Meu Jesus, por que é que eu gozo e choro ao mesmo tempo? Pode mais a dor do que a alegria, por que é, meu Jesus?
― Minha filha, minha filha, quero que sofras no gozo por aqueles que nos prazeres se satisfazem e alegram. É sempre um meio de acudires às almas e de em ti esconder as Minhas maravilhas.
― Meu Jesus, a minha alma chora como chorava ao ouvir o que se passava em Roma. É sempre o mesmo fim que tendes em vista?
― Não, Minha filha, as lágrimas da tua alma serão um dia a alegria, a honra e a glória, não só de Roma, mas sim de todo o mundo e mais ainda de Portugal. Não virá longe esse dia; que grande triunfo no Céu! Dá, esposa Minha, tudo às almas, sofre por elas, salva-as.
― Meu Jesus, não quero fazer-Vos uma pergunta, mas queria dar o conselho que me foi pedido. O que hei-de dizer? Não quero nada contra a Vossa Santíssima vontade.
― Fala, Minha querida, falará contigo o divino Espírito Santo. É chegada a minha hora, os caminhos estão-lhe abertos, já não posso estar mais tempo ferido. Vem receber agora a gota do Meu divino Sangue, o Sangue que é a tua vida, o Sangue que é a vida das almas, o Sangue que corre em tuas veias, o Sangue de Cristo na sua crucificada. Quantas almas há, Minha filha, que se possuíssem este Sangue o guardariam como as mais santas relíquias. Vais recebê-las por um tubo feito do Meu divino amor. Será por este tubo que sempre o receberás.
Jesus tomou um tubo doirado, introduziu-o em meu coração, e sobre ele colocou o Dele. A gotinha do Sangue caiu, o meu ficou a dilatar-se; Jesus logo retirou o Dele, e, no mesmo momento, ficou ao meu lado cravado numa cruz. Ao vê-Lo assim, logo parou a dilatação.
― Minha filha, Minha filha, é sempre na cruz crucificada comigo que Eu te quero; é sempre a dor que te peço; dá-Me dor, salva-Me as almas; vive na cruz, nela morrerás, mas abrasada em amor, Eu to prometo, é Jesus que to afirma. Coragem! Eu estarei sempre contigo. Dá-Me dor; acode ao mundo, perde-se, está em perigo.
― Obrigada, meu Jesus. Sou a Vossa escrava, sou sempre a vítima do Vosso divino amor e das almas. Dai-me graça, dai-me força, não me deixeis um momento sozinha.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 27 de Junho de 1947 - Sexta-feira)
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