sexta-feira, julho 29, 2016

MALDITO, A VITÓRIA É DELA !

Ó agonia, triste agonia…


Senti Jesus a meu lado, sobre mim espalhou o Seu sopro divino, sopro que de repente me levou às almofadas. Jesus continuou a bafejar-me e a dizer-me:
— Coragem, minha filha, não pecaste. É para livrar as almas de caírem neste abismo e perderem-se eternamente que tu estás sobre eles.
As palavras de Jesus encorajam-me, mas não me tiram da dor em que fico mergulhada.
Na segunda afronta do demónio, causou-me uma amargura como ainda não me tinha causado. Foi muito demorado o combate. Os gestos, as palavras, os nomes, os conselhos eram vergonhosíssimos. Eu estava cansada de tanta luta. E o demónio, furioso por não conseguir de mim o que desejava. Principiei então a sentir desejos de pecar, eram uns desejos de fora para dentro e não de dentro para fora. Algumas vezes, dizia a Jesus: “não, não, eu não quero pecar”. Estas palavras saíam-me do coração, mas a vontade de pecar parecia ser mais forte do que o brado que eu levantava ao céu.
Ó agonia, triste agonia!
Ao parecer-me que estava tudo conseguido, os desejos do demónio realizados, gritei por Jesus e pela Mãezinha:
— Ai de mim, o que é isto? Valei-me, valei-me.
Senti a dor indizível que muitas vezes já tenho sentido.
Meu Deus, com certeza a morte não custa tanto.
Estava banhada em suor, parecia ter saído dum lago. O coração batia alto e apressadamente. Em espírito, oferecia tudo a Jesus e não cessava de chamar por Ele, pois era dolorosa a posição em que estava e a vergonha e dor que sentia com o receio de ter pecado. O demónio não saía de junto de mim, mas à voz de Jesus retirou-se.
— Basta, basta, maldito, deixa a minha vítima, a vitória é dela; a honra, a glória são minhas, a reparação é pelas almas. Sofre por amor, é minha filha querida.
Sem saber como, tomei a minha posição, recebi as carícias de Jesus, enquanto o demónio, voltado para Ele, amaldiçoava-O e raivosamente queria retalhar-me.
Retirou-se Jesus, e eu fiquei absorvida numa noite triste e assustadora e numa dor sem fim.

Sinto na minha alma que se levantam à volta de mim ondas fortíssimas como as ondas do mar. Cercam-me com a mesma fortaleza, mas como as do mar que muita vez se infrangem uma contra a outra; longe da praia, estas também desaparecem sem causarem estragos. Esta visão e o seu ruído, chegando aos meus ouvidos, atormentam-me dolorosamente. Tenho a sensação de que sejam coisas que se levantam contra mim. (S. 20-02-1945)

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