Ó agonia, triste agonia…
Senti Jesus a meu
lado, sobre mim espalhou o Seu sopro divino, sopro que de repente me levou às
almofadas. Jesus continuou a bafejar-me e a dizer-me:
— Coragem,
minha filha, não pecaste. É para livrar as almas de caírem neste abismo e
perderem-se eternamente que tu estás sobre eles.
As palavras de
Jesus encorajam-me, mas não me tiram da dor em que fico mergulhada.
Na segunda
afronta do demónio, causou-me uma amargura como ainda não me tinha causado. Foi
muito demorado o combate. Os gestos, as palavras, os nomes, os conselhos eram
vergonhosíssimos. Eu estava cansada de tanta luta. E o demónio, furioso por não
conseguir de mim o que desejava. Principiei então a sentir desejos de pecar,
eram uns desejos de fora para dentro e não de dentro para fora. Algumas vezes,
dizia a Jesus: “não, não, eu não quero pecar”. Estas palavras saíam-me do coração,
mas a vontade de pecar parecia ser mais forte do que o brado que eu levantava
ao céu.
Ó agonia, triste
agonia!
Ao parecer-me que
estava tudo conseguido, os desejos do demónio realizados, gritei por Jesus e pela
Mãezinha:
— Ai de mim,
o que é isto? Valei-me, valei-me.
Senti a dor
indizível que muitas vezes já tenho sentido.
Meu Deus, com
certeza a morte não custa tanto.
Estava banhada em
suor, parecia ter saído dum lago. O coração batia alto e apressadamente. Em espírito,
oferecia tudo a Jesus e não cessava de chamar por Ele, pois era dolorosa a posição
em que estava e a vergonha e dor que sentia com o receio de ter pecado. O demónio
não saía de junto de mim, mas à voz de Jesus retirou-se.
— Basta,
basta, maldito, deixa a minha vítima, a vitória é dela; a honra, a glória são
minhas, a reparação é pelas almas. Sofre por amor, é minha filha querida.
Sem saber como,
tomei a minha posição, recebi as carícias de Jesus, enquanto o demónio, voltado
para Ele, amaldiçoava-O e raivosamente queria retalhar-me.
Retirou-se Jesus,
e eu fiquei absorvida numa noite triste e assustadora e numa dor sem fim.
Sinto na minha
alma que se levantam à volta de mim ondas fortíssimas como as ondas do mar. Cercam-me
com a mesma fortaleza, mas como as do mar que muita vez se infrangem uma contra
a outra; longe da praia, estas também desaparecem sem causarem estragos. Esta
visão e o seu ruído, chegando aos meus ouvidos, atormentam-me dolorosamente.
Tenho a sensação de que sejam coisas que se levantam contra mim. (S. 20-02-1945)
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