É por ti que estou aqui !…
Logo de manhã
cedo, senti tão maltratado o meu coração; a dor, as humilhações espremiam-me,
já não tinha sangue para dar ao corpo. Senti o caminho do meu calvário, saiu-me
ao encontro a Mãezinha; fitou-me, eu fitei-a a Ela. Uniram-se os nossos
corações na mesma dor. A troca dos nossos olhares não se demoraram, tive de
caminhar à frente, maltratada, empurrada, arrastada. Mas a dor dos nossos corações
não se separou. Era como que dois fios eléctricos que dão ligação um para o
outro.
Quase logo que cheguei
ao calvário, fui cravada na cruz. Que grande tempo de agonia. O sangue corria,
as chagas rasgavam-se cada vez mais.
As lágrimas da
Mãezinha corriam em meu coração. Ela era um farol para mim e eu outro para Ela,
farol que dava luz para descobrir todos os nossos sofrimentos.
Ainda sem ter expirado,
senti que me rasgaram o coração. Essa dor antecipou-se, porque, depois de
morrer, não a podia sentir.
Quando assim
sentia o coração, lancei um olhar ao mundo e disse-lhe:
— É por ti
que estou assim. (S. 16-02-1945)
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