quarta-feira, abril 11, 2012

O MEU CORAÇÃO ESTREMECEU…

Oh! como eu receio ofender o meu Jesus!

Ofereci a Jesus mais um ataque do demónio para acudir às almas que Ele me pediu. Os mais violentos são por elas, os outros ficam por quem Jesus quiser. Que coisas feias me diz o maldito, de pessoas, para me ensinar a pecar, e de Jesus, acusando-O de grandes crimes. Horror, horror, é o que mais me custa ouvi-lo dizer coisas contra Jesus. Durante alguns ataques, sinto que eu mesma sou o inferno com todos os sofrimentos e horrores e que eu mesma sou o demónio com todas as manhas e toda a malícia. Não sei explicar-me melhor, o que sei é que em alguns momentos sou um verdadeiro inferno, um verdadeiro demónio. Ele apareceu-me em forma de homem muito feio, vestido de caçador, de arma às costas, passeando à minha frente. Ao lado, estavam muitos em forma de esqueletos, de armas em pontaria direitas a mim. Causavam-me muita impressão, mas não me assustei grande coisa. Eles não podiam matar-me. Temo mais que me matem a alma com outras coisas que ele faz e diz. Oh! como eu receio ofender o meu Jesus! Não posso lembrar-me que hoje é quinta-feira. Que sofrimentos tristes me trazem estes dias. Durante a tarde, sentia-me a passar por entre ruas, seguia o meu caminho e por todos quantos me viam era escarnecida e apontada como ré de todas as culpas e a maior criminosa. Pouco tempo depois do anoitecer, senti-me num convívio de amigos e nessa amizade sentia um traidor, que pouco depois havia de beijar-me, e senti a dor que esse beijo ia causar-me. Senti que era Jesus, e sobre o Seu peito se inclinou um rosto que eu muito amava. O meu coração enterneceu-se de amor por esse rosto. Que conversação de tantos mistérios, de tanta grandeza. Senti que nesse convívio lavei os pés a todos os que me rodeavam. Em mim estava a água, a toalha e a bacia. Senti que um, a quem causava muita impressão lavar-lhe os pés, a um olhar e poucas palavras, até já se despia para, se preciso fosse, lavar-lhe todo o corpo. Ah! se eu pudesse exprimir aqui todo o amor, toda a bondade e ternura de Jesus que bem podia fazer às almas; mas não sei melhor.
— Supri Vós, Jesus, a minha falta.
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(Beata Alexandrina; Sentimentos da alma, 15 de Fevereiro de 1945).

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