domingo, outubro 30, 2011

AS CHAMAS DO SEU DIVINO CORAÇÃO

Se eu soubesse aproveitar-me de todo este martírio, quanta glória para Jesus !

Era noite, a este martírio do Horto juntou-se o sofrimento do meu primeiro Horto de há 9 anos.
Como eu recordei tudo, passo por passo. Lembrei todas as minhas dores de alma e corpo. Oh! como foi grande a minha agonia!
Hoje, data da minha primeira paixão, senti como se fosse a data mais triste da minha vida. Tive presente todo o sofrimento destes 9 anos. O que me trouxe a paixão! Bendito seja o Senhor! Se eu soubesse aproveitar-me de todo este martírio, quanta glória para Jesus, bem para mim e proveito para as almas. Na hora em que estou a ditar, lembro sem querer da mesma hora de há 9 anos. Que cenas tristes se podiam observar dentro destas pobres paredes. Que tristezas, que saudades, que horrores ao mesmo tempo. A estes grandes sofrimentos juntaram-se grandes e penetrantes espinhos. Chorei, chorei, ofereci a Jesus as minhas lágrimas. Quando chorava, com o coração repetia a jaculatória: Jesus manso e humilde de Coração e pedia luz ao divino Espírito Santo para proceder conforme a vontade de Jesus.
Sem querer fui encontrá-Lo na prisão desfalecido e gelado; juntei ao Seu o meu grande desfalecimento e com Ele rompi por entre todos os sofrimentos que acima ficam ditos. Com Ele senti na cabeça grande coroa de espinhos, o corpo açoitado e o grande peso da cruz. Senti no coração a perda do sangue e da vida, que, bem próximo, na montanha, se ia dar. Vi abrir-se a chaga do seu divino Coração e dela saiu uma fortíssima labareda de fogo e uns fios doirados  que eram prisões que prendias Jesus à cruz e à morte. Custou-me a suportar as ânsias que Jesus tinha por dar a vida apesar da visão de todo o martírio Lhe causar horror de morte. A montanha levantou-se dentro em meu peito; vi a cruz, vi Jesus quase no cimo. Eu ia com Ele e com Ele quase morri. Junto à cova, preparada para a cruz, vi Jesus a ser crucificado; vi a pressa, senti o rancor com que O crucificaram. A pressa dos malfeitores era o receio de Jesus morrer antes deles satisfazerem as suas maldades. Junto aos vestidos de Jesus foram pedaços da Sua carne Santíssima. Quase ninguém se compadecia da dor de Jesus; só a Mãezinha queria acariciá-Lo e limpá-Lo no alto da cruz; como não podia fazê-lo sofria a mais não poder sofrer. Sem querer aumentava, mais e mais, a agonia e a dor de Jesus. Sofria a Mãe por não poder suavizar a dor do filho e O filho por não poder consolar a Mãe. Eu via tudo; via a Mãezinha por Jesus, por Ele via e sentia toda a doe Dela.
Levantou-se dentro em meu peito a montanha dura e cruel do Calvário; cresceu, cresceu, quase chegava ao Céu a atrair para Ela a justiça do Senhor. No cimo, ia a cruz, tocou-lhe, o Céu abriu-se, quando Jesus expirou. Já todos, do Calvário podíamos passar ao Céu. Que bondade, que amor o de Jesus! O Seu divino Coração ardia de amor por nós.

(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 3 de Outubro de 1947 - Sexta-feira)

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