terça-feira, maio 25, 2021

UM PESO ESMAGADOR

Caminhei sobrecarregada


— Aceito, ó meu Deus, a minha cruz.

Nem a visita de Jesus Sacramentado me aliviou. Caminhei sobrecarregada com o seu peso esmagador. E como caminhei eu? Como se fosse um vermezinho da terra escondido sob ela. O meu corpo não era corpo, era uma massa disforme, toda em sangue; olhos, cabeça, todo o ser. No decorrer das horas, pude juntar aos sofrimentos do calvário grandes sofrimentos que martirizaram a minha alma; não convém dizê-los. Jesus e a Mãezinha tudo sabem. Que calvário tão penoso! E o abandono aterrador! O meu coração bradava ao céu, os meus olhos fitavam Jesus, e os meus lábios segredavam-Lhe:

— Bendita seja a minha cruz, seja tudo pelo Vosso divino amor e pelas almas. Estou pronta, sempre pronta para ser a Vossa vítima.

Veio Jesus confortar-me, veio ao encontro do meu martírio, veio com toda a fortaleza do Seu divino amor. O coração palpitava fortemente, o peito parecia levantar-se, era pequeno para conter um coração que dentro dele continha a grandeza e amor sem igual. Jesus demorou-se a falar-me, mas só o Seu amor bastava-me. Senti mais vida, mas Ele não ficou sempre silencioso. Não digo aqui tudo o que Jesus me disse; oculto-o, devo ocultar. Ficará para quem tem o direito de eu nada lhe ocultar. Ao que Jesus me disse respondi:

— Faço isso, meu Jesus, mas é enormíssimo o meu sacrifício; bem vedes que é. Aceitai-o já, faço-o por Vosso amor. Por este tão grande sofrimento, fazei-me o que Vos peço. (Alexandrina Maria da Costa: 25 de Maio de 1945).

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