segunda-feira, julho 18, 2011

ACEITAI O MEU POBRE CORAÇÃO

 ― Descansa, descansa, alimenta-te deste amor divino, é o Meu amor

Jesus estava com o Seu divino Coração aberto, à volta Dele tudo eram chamas, parecia um jardim de doiradas flores. Entrei, Jesus inclinou-me a Ele e disse:
― Descansa, descansa, alimenta-te deste amor divino, é o Meu amor, a vida de que vives, a vida que quero que dês às almas. O médico divino vela sempre pela Sua vítima. Quantas vezes vires descerem pata ti os raios que têm descido, confia, é o amor, são raios de amor que saem da chaga do Meu divino Coração e vêm penetrar no teu. É o alimento que te dou, quando te vejo no desfalecimento, mergulhada no mar da tua dor. Confia, confia, não é ilusão tua, não te enganas. Eu virei a ti com esta medicina, com este fogo divino, frequentes vezes. Assim como o teu martírio tem toda a variedade de dores, também Eu procuro, na Minha Ciência divina, toda a variedade de conforto para te aliviar. Ó meu Jesus, eu não falei nos raios que a mim vi descer com receio de me enganar, de ser uma ilusão minha. Que medo eu tenho! Prometi, esposa querida não te deixar enganar; não falto à minha promessa divina, confia. Ó meu Jesus, é tal o medo que tenho de me enganar, que mal posso resistir ao aproximar-se a sexta-feira e a hora a que me falais; e a dor, que nasce daqui, continua mesmo quando estou convosco; porque é meu Jesus? Não te disse Eu, esposa querida, que seriam dolorosos os teus colóquios? Assim ferida, nadando no Meu divino amor, não sentes consolação; fica essa para Mim, toda para Mim. E não queres tu consolar-Me? Não queres tu reparar o Meu oração ultrajado? Vê em que estado me põem os pecadores.
Saí fora do Coração de Jesus, e vi-o despido da sua beleza, todo ferido, todo em sangue, a tremer e chorar. Que ternura senti por Jesus; disse-Lhe logo:
― Aceitai o meu pobre coração, para nele descansardes; aceitai todos os meus sofrimentos, nenhum valor têm, mas revesti-os de Vós, quero com o que é Vosso revestir-Vos da Vossa beleza, enxugar-Vos as lágrimas, sarar-Vos as Vossas feridas. Sou sempre a Vossa Vítima Jesus.
Enquanto que dizia isto, sentia como se abraçasse, beijasse, acariciasse Jesus e Lhe enxugasse as lágrimas.
― Não choreis, Jesus; eu amo-Vos; eu quero sofrer e quero reparar.
No mesmo momento, vi-O revestido da Sua beleza; já era o mesmo Jesus.
― Dás-me então, Minha filha, o que tanto te custa dar-Me e a Mim custa pedir-te? Dás-Me nos dias que vão seguir-se alguns ataques violentíssimos do demónio? Os pecadores vão às minhas prisões de amor receberem-Me, e dentro deles sou apunhalado, assassinado. Passo pelas suas línguas de fogo infernal, e, dentro das suas imundas prisões, sou morto. Dá-Me reparação, dá-Me dor, toda a dor, se não Me queres ver sofrer e se não queres que as almas caiam no inferno. Dou-Vos tudo, tudo, meu Jesus. E Vós prometeis-me toda a Vossa graça e força? Eu não te falto. Vai então; fala do Meu divino amor, da minha misericórdia e perdão. Mas antes de Me esconder, quero dar-te uma gota do Meu Sangue divino; sem ele não poderás viver, nem resistir a tão doloroso martírio.
Tomou Jesus o Seu divino coração; pelo centro saía tão grande labareda, que toda me rodeava, me embebia nela. Por entre o fogo caiu no meu coração a gotinha do sangue do de Jesus. Com o sangue e o fogo o coração crescia, crescia, parecia rebentar-me. Jesus veio logo, pôs termo a tudo, com o Seu cuidado, com as Suas santíssimas mãos. O fogo continuou a abrasar-me; mas o coração deixou de dilatar-se.
― Sem um milagre divino não aguentavas com tal força de amor, nem com o sangue que te corre pelas veias que é o Sangue de Cristo. Vai agora falar das Minhas maravilhas, dos tesouros que em ti estão enterrados; vai dar às almas este amor, a vida que recebes de Mim; vai dar tudo com as tuas muitas virtudes, com as mais altas virtudes. Eu sou Rei, e no trono da Minha rainha deposito tudo o que é Meu. Vai, lírio casto, pomba branca, espalhar pelo mundo o teu perfume, a tua alvura. Vai pedir-lhe, vai lembrar-lhe que Jesus pede oração e penitência, o amor, a pureza da vida. Vai, Minha filha, tem coragem, nada temas, confia em Mim. Vai confiada que é Minha a vitória, é Meu o triunfo. Coragem, coragem!
― Obrigada, obrigada, meu Jesus.
—*—
(Beata Alexandrina Maria da Costa: Sentimentos da alma, 14 de Março de 1947 - Sexta-feira

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