domingo, julho 31, 2011

JESUS, ENTRAI NO MEU CORAÇÃO – Parte III


Que horror eu tenho a ter que ditar tudo o que me diz Jesus!


— Repara como sou ferido.
Neste momento vi cair sobre Jesus um nunca acabar de maus-tratos. Jesus era espancado, esbofeteado, escarrado, açoitado, arrastado; era o mundo sobre Ele. Levantei as mãos e gritei:
― Jesus, sou a Vossa vítima.
E, como se fosse possível abrir o peito e dar-lhe entrada em meu coração, disse-Lhe:
― Fugi, Jesus, entrai no meu coração; caia sobre mim essa chuva de sofrimentos, mas livrai-Vos Vós de serdes ferido.
Eu senti com que um impulso de amor me obrigasse eu mesma a rasgar o peito, para dar entrada a Jesus. Ele entrou e escondeu-se, mas, antes de entrar, levantou-me, porque estava caída; desfaleci com a visão dos Seus sofrimentos. Ele deu-me vida ao coração, que de dor me parecia morrer.
― Minha filha, dá-me então tudo, tudo o que te pedir, todo o sofrimento, alegre, para consolares o Meu Divino Coração, para Me desagravares, para Eu não ser ferido; dá-Me tudo, para Eu poder tudo apresentar ao Meu Eterno Pai, para abrandar a Sua justiça. Acode, acode, às almas.
― Meu Jesus, ó meu amor, aceitai o meu sofrimento e o do mundo inteiro, como se eu dele pudesse dispor; uni-os aos sofrimentos e méritos da Vossa santa paixão, uni mais ainda todo o amor do Céu ao Vosso amor e ao da querida Mãezinha; formai de tudo uma escora que sustente toda a justiça divina, para a não deixar cair. Quero acudir às almas, a todas as almas e também ao martírio dos corpos, se puder ser, Meu Jesus. Misericórdia, misericórdia, meu Amor.
― Pede sempre, sofre sempre; a salvação das almas é tudo; és comigo poderosa. Recebe agora a gota do Meu Sangue Divino, que brota do Coração, a arder de amor. Sem ele não podes viver, sem esta vida divina não podes resistir à dor.
A gota do preciosíssimo Sangue de Jesus caiu por entre labaredas de fogo no meu coração, que logo se dilatou; mas Jesus não o deixou dilatar-se por muito tempo; veio logo como médico, cicatrizou a abertura, e disse:
― Vai, esposa, amada; vai sofrer, vai para a cruz, vai para a dor. Sofre mergulhada nestas chamas, sofre abrasada neste amor; vai espalhá-lo, vai atá-lo na humanidade. Vai confiada; não te enganas, Jesus não te deixa enganar. És de Jesus, vais para Jesus; és das almas, vítima das almas. Coragem, coragem!
― Obrigada, meu Jesus. Sofro tudo sem condição, a não ser a do Vosso amor, a da Vossa graça e força; não posso sozinha, tenho medo, meu Jesus.
Que horror eu tenho a ter que ditar tudo o que me diz Jesus! Se não me vem uma graça do Céu, desisto, não o posso fazer. Se me davam uma ordem para não escrever mais nada, que alívio tão grande para a minha alma atribulada; que consolação a minha; até me parece que deixava de sofrer. Mas isso não quero; sou a vítima de Jesus.
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(Beata Alexandrina de Balasar: “Sentimentos da alma”, 9 de Maio de 1947 - Sexta-feira)

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