Admirava as belezas do Criador!
– Pelos nove
anos, quando me levantava cedo para ir trabalhar nos campos e quando me
encontrava sozinha, punha-me a contemplar a natureza. O romper da aurora, o
nascer do sol, o gorjeio das avezinhas, o murmúrio das águas entravam em mim
numa contemplação profunda que quase me esquecia de que vivia no mundo. Chegava
a deter os passos e ficava embebida neste pensamento, o poder de Deus! E,
quando me encontrava à beira-mar, oh, como me perdia diante daquele grandeza
infinita! À noite, ao contemplar o céu e as estrelas, parecia esconder-me mais
ainda para admirar as belezas do Criador! Quantas vezes no meu jardinzinho,
onde hoje é o meu quarto, fitava o céu, escutando o murmúrio das águas e ia
contemplando cada vez mais este abismo das grandezas divinas! Tenho pena de não
saber aproveitar tudo para começar nesta idade as minhas meditações.
(Alexandrina Maria da Costa: Autobiografia)
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