segunda-feira, maio 17, 2021

QUERO SALVAR O MUNDO

Tenho de sofrer e agonizar


Por vezes o fogo que sinto em meu coração parece nunca mais se apagar. E o que quero fazer? O que tenho a fazer? Nem eu sei. Quero salvar o mundo, quero ver este fogo incendiado na terra para atingir todos os corações. Parece que ando louca a bater à porta de todos a convidá-los a deixarem o pecado, a amarem só a Jesus. Tenho de ver, tenho de fazer nascer um mundo novo, um mundo puro, um mundo do céu. Tenho de sofrer e agonizar por ele, tenho de morrer nas trevas para dar luz. Oh! e como eu caminho para elas! Obriga-me o amor, só o amor. Continuam em mim os olhares que não me pertencem. Além das atracções têm tantos enleios! Que confusão a minha! E o sorriso dos meus lábios também não é meu. Parece-me um sorriso que tem braços para abraçar eternamente e bálsamo para curar todas as chagas. Não sei, não sei o que se passa em todo o meu corpo. O que está nele não me pertence. Estes enleios, ternuras, prisões, doçuras e amor nada têm que ver comigo, nada têm que atribuir a mim, este corpo não é meu, esta vida minha não é. Tudo se passa nas minhas trevas. Se eu soubesse exprimir! Se eu soubesse mostrar tudo isto para bem das almas e glória do meu Jesus, deixava de ser vítima, já não sofria. O céu não me falta, mundos e mundos vão ficando sobre mim. Eu a submergir-me cada vez mais na escuridão, abrasada em sede do amor de Jesus, em ânsias de Lhe dar almas. Não olho aos sofrimentos; caminho, caminho. Vejo tudo quanto me espera. Vou como ovelha muda que nada sabe dizer. Vejo a ingratidão, o sangue que tenho de derramar, o calvário e a morte. Sinto as almas que nele têm de ser banhadas. Fito os meus olhos no céu: venha o que vier, tenho que dar o céu ao mundo, tenho que comprá-lo com a moeda do meu sofrimento. (Alexandrina Maria da Costa: 17-05-1945)

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