Jesus fez a troca, senti-me logo outra
Cheguei, mas com
muito custo, ao cimo do calvário. Cravada na cruz, com o coração em sangue,
bradava incessantemente socorro ao Eterno Pai. O coração voava para Ele, mas
era repelido, parecia não ser aceite. Nem na cruz era poupado o meu corpo; os
olhos da minha alma viam todo o mundo a vir feri-lo. Via todo o mundo a
penetrar na minha cabeça grande número de agudos espinhos. Que grande dor me
faziam! Toda a humanidade maltratava e esmagava o meu coração, deixando-me em
agonia mortal. Veio Jesus ao encontro desta dor e agonia. Demorava-se: fez-me
esperar muito tempo. Esperei resignada.
— O que
quiserdes, meu Jesus, a minha vontade é a Vossa.
— Minha
filha, prenda valiosíssima que eu dei ao mundo. Quanto ele tem de agradecer-me!
Tu és a depositária, és o cofre das riquezas e dons divinos. És a mensageira da
paz, de quanto a humanidade te é devedora. Coloquei-te no meio dela, és um
centro de virtudes, és um centro de flores cândidas e puras. És a vida das
almas, és a nova Eucaristia delas. Purifica-as dos seus defeitos, lava-as dos
seus crimes, prepara-las para mim que sou a verdadeira Eucaristia. És a
pastorinha que conduz o rebanho ao Pastor Divino. Tu és o porta-voz de Jesus
para o Santo Padre. Diz, minha filha, ele que fale à humanidade inteira. Ele,
que é o pai da terra, que peça em nome do Pai do Céu. Quero uma reconciliação
firme e sincera, quero um mundo novo de pureza e de amor. Penitência,
penitência e oração. Penitência no lugar dos prazeres, oração em vez das
vaidades e passatempos ilícitos. União comigo, amor puro, amor abrasado ao meu
Divino Coração. Se houver, minha filha, a verdadeira transformação, receberá o
mundo inúmeras graças, uma chuva de bênçãos cai sobre ele. Mas, ai dele, se
assim não for. Aceita, filhinha amada, o meu Divino Coração, consola-o,
cura-lhe tão profunda chaga. Dá-me o teu para o confortar e para lhe dar vida.
Jesus fez a
troca, senti-me logo outra. (Alexandrina Maria da Costa: 11-05-1945)
Sem comentários:
Enviar um comentário