— Anima-te, meu anjo, e confia sempre
Tomou-me a
Mãezinha em seus braços, senti-me logo cheia de doçura e amor. Dum lado o seu
santíssimo rosto e do outro a sua bendita mão me acariciava. Estava o meu rosto
no meio daquela prensa santíssima. Cobriu-me de beijos, senti-me viver.
— Minha
filha – dizia-me ela – venho em breve buscar-te para o céu. Antes de expirares,
levo-te à presença de Jesus pela minha bendita mão; entre mim e Ele serás
conduzida ao paraíso. À tua chegada terás coros de virgens, coros angélicos,
toda a corte celeste em hinos, todo o céu em festa.
— Obrigada,
Mãezinha. espero-Vos depressa, a não ser que os Vossos breves sejam como os de
Jesus. Seja como for, não tenho vontade nem querer próprio. O que quero é a
Vossa força santíssima para levar a minha cruz, a pureza do meu corpo e da
minha alma, o amor ao Vosso Coração e ao de Jesus, a graça de não O desgostar
nunca, nunca. Dizei-me, Mãezinha, estais triste comigo ou está Jesus?
— Não,
esposa do meu filho querido. A minha alegria e consolação estão em ti, nada
fizeste para me entristecer; tudo fazes para honra e consolação minha e do teu
Jesus. Sossega, sossega, meu Filho, sossega a tua filhinha.
— Coragem,
sossega, amada do meu Divino Coração. O que te digo é para te firmar e
fortalecer no teu martírio. Não me desgostaste, sossega, não o permito. De ti
recebo a alegria e amor que o meu Divino Coração deseja. És a loucura do céu, a
vida das almas, o encanto da terra, a glória do meu Pai.
Por algum tempo
fiquei fortalecida, mas, à medida que as horas foram passando, corri
apressadamente a mergulhar-me nas trevas para nelas poder esconder-me de todos
e para sempre. Abismada nelas, parecia-me não caberem em mim as ânsias, ânsias
doridas, ânsias capazes de dar a morte, ânsias não sei de quê. Que peso o da
minha cruz! Mas quero-a, amo-a para sempre. (Sentimentos da alma: 05-05-1945)
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