quarta-feira, maio 05, 2021

QUE TREMENDA CONFUSÃO

As almas possuem-me na medida que desejam possuir-me


Se não fosse Jesus conservar-me a vida, com o sofrimento que tenho tido teria morrido mil vezes, se mil vidas possuísse. Ontem, ao cair da tarde, já depois de ter escrito os sentimentos da alma, estava com a minha mãe e prima a fazer o mês da Mãezinha; principiaram os estremeções na minha cama, e eu estremecia com ela também. Causou-me grande aflição. Convencidas que era o demónio, deitaram água benta e em nome da Mãezinha mandaram-no retirar. Era por obediência que se fazia isto. Cessou por um pouco para depois se repetir novamente a mesma cena. Durante a noite, foi uma luta tremenda. O maldito chegou quase a persuadir-me que era falso ter morrido o Presidente da América; que estavam desfeitos todos os enganos, conhecidas todas as mentiras. Juntou a isto uma série de coisas que não sei como resisti. Dizer a Jesus que confiava n’Ele era o mesmo que não dizer nada.

— Confio, Jesus, confio.

Mas parecia-me não confiar.

— Valei-me, Jesus! Ó meu Deus, que será de mim!

Que tremenda confusão! Perdi todo o conforto do céu e da terra. O demónio bailava de contentamento. Parecia-me que ele tinha em suas mãos o meu coração, que ele esmagava e feria continuamente. Principiei a minha preparação para a vinda de Jesus esta manhã, mas sentia-me em tanta dor e o coração tanto em sangue, que se fossem a satisfazer os meus desejos; desfazia-me em lágrimas. Pedi a Jesus:

— Pela Vossa misericórdia, infinita misericórdia, compadecei-Vos de mim. Tende dó, Jesus, tende dó, Mãezinha, mandai-me hoje quem possa dar um pouco de alívio à minha alma. Morro de dor, esmagada entre trevas: trevas do céu, trevas da terra.

Chegou Jesus, e eu em agonia; sem luz, sem amor, baixou Ele ao meu coração. Quase logo, principiou a dizer-me:

— Minha filha, estrela de oiro. O teu brilho vai estender-se por toda a humanidade. Tu és o sol que estende os seus raios doirados para darem vida à terra. O teu sol, os raios do teu amor são mais do que oiro, são raios divinos, porque passam de mim para ti; vão criar, vão germinar, florescer frutos divinos nas almas, fogo divino nos corações. Tu és a flor pura que plantei no meio do mundo para as almas. Cultivei o terreno, plantei-a, para elas vives. Sobre todo o mundo vais espalhar a fragrância e o aroma mais delicioso. Não vai essa fragrância e esse aroma tão longe como o meu divino Coração deseja, porque os homens tentaram amarfanhar as suas pétalas. Em vão. A flor é a minha divina causa, a fragrância, o aroma, são as tuas virtudes, as minhas maravilhas em ti. Não há tempestade que a derrote nem que a faça desaparecer. As pétalas dessa flor vão voar ao longe, vão correr o mundo com o sopro da graça divina. Coragem, minha esposa amada. Confia que não te enganas nem serás por Satanás enganada! Velo por ti. Dou-me a ti quanto o desejas, sou todo teu. As almas possuem-me na medida que desejam possuir-me. Coragem, coragem. Para quê tanto desfalecimento? Não amas a tua cruz? Não sabes que estou contigo? És vítima de tudo. Eu aceito tudo, tudo quanto me ofereças, e faço que o Espírito Santo te inspire com as Suas santas inspirações e ilumine com a Sua luz, para encontrares sempre, sempre que me ofereceres. E tudo isto por amor a quem? Por amor às almas, para as poder salvar. És vítima, és vítima em tudo. Coragem sempre, querida filhinha.

— Perdoai-me, meu Jesus, o meu desfalecimento, perdoai-me tantas dúvidas. Bem sabeis que só a mim temo, que é de mim que eu duvido. A minha miséria é sem igual. (Sentimentos da alma: 5 de Maio de 1945 – Primeiro sábado).

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