As almas possuem-me na medida que desejam possuir-me
— Confio,
Jesus, confio.
Mas parecia-me
não confiar.
— Valei-me,
Jesus! Ó meu Deus, que será de mim!
Que tremenda
confusão! Perdi todo o conforto do céu e da terra. O demónio bailava de
contentamento. Parecia-me que ele tinha em suas mãos o meu coração, que ele
esmagava e feria continuamente. Principiei a minha preparação para a vinda de
Jesus esta manhã, mas sentia-me em tanta dor e o coração tanto em sangue, que
se fossem a satisfazer os meus desejos; desfazia-me em lágrimas. Pedi a Jesus:
— Pela Vossa
misericórdia, infinita misericórdia, compadecei-Vos de mim. Tende dó, Jesus,
tende dó, Mãezinha, mandai-me hoje quem possa dar um pouco de alívio à minha
alma. Morro de dor, esmagada entre trevas: trevas do céu, trevas da terra.
Chegou Jesus, e
eu em agonia; sem luz, sem amor, baixou Ele ao meu coração. Quase logo,
principiou a dizer-me:
— Minha
filha, estrela de oiro. O teu brilho vai estender-se por toda a humanidade. Tu
és o sol que estende os seus raios doirados para darem vida à terra. O teu sol,
os raios do teu amor são mais do que oiro, são raios divinos, porque passam de
mim para ti; vão criar, vão germinar, florescer frutos divinos nas almas, fogo
divino nos corações. Tu és a flor pura que plantei no meio do mundo para as
almas. Cultivei o terreno, plantei-a, para elas vives. Sobre todo o mundo vais
espalhar a fragrância e o aroma mais delicioso. Não vai essa fragrância e esse
aroma tão longe como o meu divino Coração deseja, porque os homens tentaram
amarfanhar as suas pétalas. Em vão. A flor é a minha divina causa, a
fragrância, o aroma, são as tuas virtudes, as minhas maravilhas em ti. Não há
tempestade que a derrote nem que a faça desaparecer. As pétalas dessa flor vão
voar ao longe, vão correr o mundo com o sopro da graça divina. Coragem, minha
esposa amada. Confia que não te enganas nem serás por Satanás enganada! Velo
por ti. Dou-me a ti quanto o desejas, sou todo teu. As almas possuem-me na
medida que desejam possuir-me. Coragem, coragem. Para quê tanto desfalecimento?
Não amas a tua cruz? Não sabes que estou contigo? És vítima de tudo. Eu aceito
tudo, tudo quanto me ofereças, e faço que o Espírito Santo te inspire com as
Suas santas inspirações e ilumine com a Sua luz, para encontrares sempre,
sempre que me ofereceres. E tudo isto por amor a quem? Por amor às almas, para
as poder salvar. És vítima, és vítima em tudo. Coragem sempre, querida
filhinha.
— Perdoai-me,
meu Jesus, o meu desfalecimento, perdoai-me tantas dúvidas. Bem sabeis que só a
mim temo, que é de mim que eu duvido. A minha miséria é sem igual. (Sentimentos da alma: 5 de Maio de 1945 – Primeiro sábado).
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