Vontade do meu Deus, quero-te
— Vontade
divina, vontade do meu Deus, quero-te, abraço-te e nunca mais te largarei.
Os grandes
arrancos da minha alma têm continuado; por vezes são como terramoto que tudo
destrói; todo o meu ser parece ficar em estilhaços. E os sobressaltos vão-se
repetindo: temo a todos, temo a mim mesma. Sem ver e sem forças para resistir,
estou como se estivesse de braços abertos à espera de tudo o que o céu quiser
enviar-me, o céu que me parece ser de trevas, o céu que baixa sobre mim e me
obriga a infundir-me na terra, na terra de iguais trevas. A que profundeza já
eu vou! Quanto mais esmagada, quanto mais me vou aprofundando, mais em trevas
fico. Que horror! Parece não poder convencer-me que na terra há luz e há sol,
que no céu há alegria, luz brilhante e amor sem fim. Meu Deus, não conheço
nada, parece que nada disto experimentei. Sinto dentro em minha alma uma
revolta do céu contra a terra. Jesus não pode mais aguentar com os crimes da
pobre humanidade. Que quadro tão doloroso, que cena tão triste! Se o mundo
pudesse ver o que se passa em mim, com certeza não pecaria mais. Se não o
comovesse o amor de Jesus, aterrava-o a Sua justiça. Sinto, sinto toda a
justiça divina a querer descarregar sobre a terra. Não sei quem é, é alguém que
se prostra com grande aflição diante da justiça divina para sustentar o Seu
braço poderoso, prestes a cair sobre a terra. Não é só a alma que o sente, vê
com os seus olhos esta visão claramente.
— Meu Deus,
só Vós sabeis quanto eu sofro e por quem sofro. É por Vós, é pelas almas. (Alexandrina Maria da Costa: 10 de Maio de 1945).
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