Caminhei sobrecarregada
Nem a visita de
Jesus Sacramentado me aliviou. Caminhei sobrecarregada com o seu peso
esmagador. E como caminhei eu? Como se fosse um vermezinho da terra escondido
sob ela. O meu corpo não era corpo, era uma massa disforme, toda em sangue;
olhos, cabeça, todo o ser. No decorrer das horas, pude juntar aos sofrimentos
do calvário grandes sofrimentos que martirizaram a minha alma; não convém
dizê-los. Jesus e a Mãezinha tudo sabem. Que calvário tão penoso! E o abandono
aterrador! O meu coração bradava ao céu, os meus olhos fitavam Jesus, e os meus
lábios segredavam-Lhe:
— Bendita
seja a minha cruz, seja tudo pelo Vosso divino amor e pelas almas. Estou
pronta, sempre pronta para ser a Vossa vítima.
Veio Jesus
confortar-me, veio ao encontro do meu martírio, veio com toda a fortaleza do
Seu divino amor. O coração palpitava fortemente, o peito parecia levantar-se,
era pequeno para conter um coração que dentro dele continha a grandeza e amor
sem igual. Jesus demorou-se a falar-me, mas só o Seu amor bastava-me. Senti
mais vida, mas Ele não ficou sempre silencioso. Não digo aqui tudo o que Jesus
me disse; oculto-o, devo ocultar. Ficará para quem tem o direito de eu nada lhe
ocultar. Ao que Jesus me disse respondi:
— Faço isso,
meu Jesus, mas é enormíssimo o meu sacrifício; bem vedes que é. Aceitai-o já,
faço-o por Vosso amor. Por este tão grande sofrimento, fazei-me o que Vos peço.
(Alexandrina Maria da Costa: 25 de Maio de 1945).
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