Gostava muito de visitar a minha madrinha
Uma vez fui visitar
a minha madrinha e tive de atravessar o rio Este, que levava grande corrente,
chegando a abalar umas pedras que serviam de passadiço; e, sem reparar no
perigo a que me expus, atravessei a corrente por essas pedras e a água ia-me
levando. Foi milagrosamente que escapei à morte, bem como minha irmã que me
acompanhava. Gostava muito de a (a
madrinha) visitar, porque ela dava-me bastante dinheiro. Pouco depois,
morria ela, e foi o meu primeiro desgosto. Tinha pena dela, do folar e da roupa
dos sete anos que me tinha prometido. Minha avozinha soube amenizar esse
desgosto, dando-me o folar todos os anos.
Tinha eu 6 anos
quando, de noite, me entretinha, por muito tempo, a ver cair sobre mim inúmeras
pétalas de flores de todas as cores, parecendo chuva miudinha. Isto repetiu-se
várias vezes. Eu via cair estas pétalas, mas não compreendia; talvez fosse
Jesus a convidar-me à contemplação das suas grandezas. (Alexandrina Maria da Costa: Autobiografia)
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