Eu não te abandono
— Vês, minha
esposa querida, como o teu novo sofrimento cicatrizou todas as feridas que eu
tinha? Coragem! Anima-te, eu não te falto. Duvidar de mim é ofender-me. Ainda
que te dissesse que o que te prometi vinha, não te enganava, ainda que levasse
anos, pois os anos em comparação da eternidade representam um já. Mas não
demoro, confia. Vou deixar-te, minha filha, um pouco mais libertada do demónio,
para poderes resistir. Preciso de operar milagre. Se soubesses com os combates
do demónio as almas que arrancaste dos abismos e conduziste a mim! Estão
firmes, não voltam a ofender-me gravemente, salvam-se. Para resistires ao teu
penoso calvário vou vir a ti frequentes vezes, as mais delas silencioso. São
êxtases de amor, mas deles receberás sempre, sempre, toda a abundância das
minhas graças, ternuras e amor. És rica de mim, és rica de virtudes. É por isso
que os teus olhares atraem, têm carinhos, têm doçuras, têm prisões, têm amor. É
por isso que o teu sorriso tem meiguices, tem tudo o que é do céu. Não vives,
vivo eu, são meios de salvação e de chamamento às almas. Não é verdade, minha
filha, que eu na minha vida, no meu calvário, possuía duas vidas, humana e
divina? Até nisso te pareces comigo. No teu calvário tens também a vida divina,
é Cristo que está em ti. Nada temas. Vem o jardineiro divino ao Seu jardim ver
as maravilhas que nele operou e o fruto de tantas canseiras. Vem o Rei ao
palácio da Sua esposa, o Redentor divino à Sua redentora, à nova salvadora da
humanidade. As minhas maravilhas em ti não ficam ocultas, não consinto no seu
escondimento, hão-de brilhar, são a minha glória, são a salvação das almas. Tudo será escrito, minha doutora das ciências divinas, tudo
será conhecido no livro da tua vida. És a heroína do amor, a heroína da dor, a
heroína da reparação, a heroína dos combates, a rainha dos heroísmos. Recebe
conforto, filhinha, recebe o meu amor divino. Quando vier a ti nos meus
colóquios, uno-me a ti com este amor. Venho dar vida e conforto ao teu coração,
ajudar-te nas tuas trevas. Conta sempre comigo mesmo no meu exílio, no meu
escondimento em ti. És minha sempre, e eu sempre em ti habito.
— Aceitai,
meu Jesus, o meu coração agradecido e entregai-o por mim à Mãezinha. Muito
obrigada pelo fogo divino que me fazeis sentir. Se todas as almas o sentissem!
Parece-me que tenho uma enorme fornalha no peito e no coração. Como sois
poderoso e bom para comigo! Aceitai o meu sofrimento como prova do meu amor e
dai-me por ele as almas. Lembro-Vos, meu Jesus, neste momento, todos os que me
são queridos. Lembro-Vos os sacerdotes e os pobres pecadores. Lembro-Vos o
Santo Padre e as suas intenções. Lembro-Vos toda a minha família e todos os que
se me recomendam. Lembro-Vos os que me ferem e lembro-Vos o mundo inteiro.
— Aceito,
filhinha, toda a prece saída dos teus lábios. Pede, pede tudo, pede, confia
sempre. (Alexandrina Maria da Costa: 18-05-1945)
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