segunda-feira, maio 24, 2021

COISAS ESTRANHAS

Nada podia ouvir de alegria


Desde o dia 24 de Maio [de 1942], dia do Divino Espírito Santo, em que eu pedia toda a luz e todo o fogo do seu divino Amor, do seu Amor santificador, o estado da minha alma modificou-se, mas nesse dia de tarde eu ainda dizia: Eu já não tenho vida da terra, só tenho corpo para a dor. A partir deste dia, deixei de sentir o que até ali sentia quase continuamente, que eram nojentas serpentes cheias de toda a imundice, que entravam pela boca e saíam arrancadas não sei por quem, fazendo lembrar os condenados do inferno atormentados pelos demónios. Não podia ouvir o chilrear dos passarinhos ao alvorecer e ao anoitecer do dia, apesar de me lembrar que estavam a louvar o seu Criador. Os seus gorjeios feriam muito a minha alma. Nada podia ouvir de alegria. A minha sede era abrasadora, as saudades de me alimentar não as sei exprimir e tudo isto me parecia levar ao desespero por sentir que era impossível saciar os meus desejos. Logo dizia ao meu Jesus: É por vós que sofro, e saciai vós a vossa sede de amor, a sede que tendes das almas. (Alexandrina Maria da Costa: S. 24-05-1942).

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