Nada podia ouvir de alegria
Desde
o dia 24 de Maio [de 1942], dia do Divino Espírito Santo, em que eu pedia toda
a luz e todo o fogo do seu divino Amor, do seu Amor santificador, o estado da
minha alma modificou-se, mas nesse dia de tarde eu ainda dizia: Eu já não tenho
vida da terra, só tenho corpo para a dor. A
partir deste dia, deixei de sentir o que até ali sentia quase continuamente,
que eram nojentas serpentes cheias de toda a imundice, que entravam pela boca e
saíam arrancadas não sei por quem, fazendo lembrar os condenados do inferno
atormentados pelos demónios. Não podia ouvir o chilrear dos passarinhos ao
alvorecer e ao anoitecer do dia, apesar de me lembrar que estavam a louvar o
seu Criador. Os seus gorjeios feriam muito a minha alma. Nada podia ouvir de
alegria. A minha sede era abrasadora, as saudades de me alimentar não as sei
exprimir e tudo isto me parecia levar ao desespero por sentir que era
impossível saciar os meus desejos. Logo dizia ao meu Jesus: É por vós que
sofro, e saciai vós a vossa sede de amor, a sede que tendes das almas. (Alexandrina Maria da Costa: S. 24-05-1942).
Sem comentários:
Enviar um comentário