Estes raios, este sol resplendoroso enchiam a
terra
O dia da Ascensão
de Jesus ao Céu foi para mim cheio de noite escura; foi uma morte total de
todas as coisas. Até no Céu era noite e reinava a morte. Não pude ansiar pela
minha Pátria, nem recordar o que se passava lá. Caminhei para o Horto sempre
arrastada pela maldade. O meu coração tornou-se uma bola, um entretenimento dos
homens; em tão curta viagem, recebeu todos os maus-tratos. Os caminhos eram
ladrilhados de agudos e variados espinhos para o ferirem. Vi ao lado, em visão
bem clara, o Calvário, e, no cimo, a cruz. A cruz era a minha, não digo bem,
era a de Jesus. Quando assim falo, é dele e só dele, porque é Ele a sofrer em
mim, eu só O acompanho. Senti que Ele se queria refugiar, e para uma gruta me
refugiei com Ele. O que ali sofreu Jesus! O sangue que Ele soou! O sangue que
caiu do Seu Divino Coração duramente espremido, enquanto o cálice da amargura,
transbordou fora. Ofereceu-o ao Pai; Este mandou o Anjo, a confortá-Lo. Ela
desceu e colocou-se, ao lado de Jesus, como para O levantar. O Calvário com a
cruz não desapareceu. O mundo com a sua maldade continuou a agravar os Seus
sofrimentos. Depois, o beijo de Jesus e nada mais. Hoje, de manhãzinha, entrei
nas ruas do Calvário. Quase no princípio, caiu Jesus, pela primeira vez; caiu
sobre a cruz, feriu gravemente o Seu santíssimo rosto e peito. Desfalecida,
oprimida por tão grande peso, segui com Ele o caminho do calvário. Caiu,
segunda vez, e eu caí também. Senti e ouvi os estalos das pancadas que
despedaçavam o Seu santíssimo corpo. Cheguei ao cimo, vi a esponja, que de nada
valia para a sede, em que ardia Jesus. No alto da cruz, de todas as feridas dos
espinhos saíam raios doirados; formavam um só brilhante. Estes raios, este sol
resplendoroso enchiam a terra, mas este levantou sobre eles negras muralhas,
para deles se esconder; rejeitou-os. Daqui nasceu o brado e a agonia contínua
de Jesus. Sofri com Ele até ao último momento, até que agonizei e deixei o
coração mais duro que a dura pedra. Veio, pouco depois Jesus; transformou-o de
dureza para luz e bondade.
― Minha filha, escola das maravilhas, de todas as
maravilhas de Jesus, rainha do mundo o qual eu quero e é urgente que a esta
escola venha todo aprender. És escola de maravilhas, porque em ti há do mais
alto e sublime; em ti há tudo o que é do Céu, tudo o que é de Deus. És rainha
do mundo, porque to entreguei e confiei para o salvares. Quero que em ti
aprenda; e quanto tem que aprender! Em ti aprende a amar, a sofrer, a cumprir
em tudo a lei do Senhor; em ti pode admirar as maravilhas, que o mesmo Senhor
em ti depositou. Não foi para ti, Minha esposa querida, que assim te fez rica e
poderosa; foi para as almas, foi para as almas, foi para as salvar.
― Ó meu
Jesus, ó meu Jesus, como eu sou pequenina, como me sinto humilhada, queria
desaparecer de diante de Vós. A minha humilhação não é por ouvir-Vos falar
assim, porque falais das Vossas coisas, mas sim por me teres escolhido para
depositária das Vossas graças, preferindo-me a tantas criaturas. Que vergonha,
meu Jesus! (Alexandrina Maria da Costa: 16-05-1947)
NA IMAGEM
Ascensão do Senhor
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