sábado, maio 08, 2021

MUITAS VEZES DESFALEÇO

Sinto coisas tão grandes como o Céu


A minha cruz é pesadíssima para eu levar. Ela aumenta de dia para dia. Só vivo da confiança que Jesus a leva por mim. Mas muitas vezes desfaleço, sinto que não tenho confiança, não tenho esperança, não tenho nada. Não sou nada, mesmo nada, nem ao menos vermezinho da terra chego a ser e sou ao mesmo tempo trapo imundo, trapo a desfazer-se de podridão, onde toda a humanidade calca e se limpa ao mesmo tempo. Limpa-se e suja-se, contamina-se com o veneno da minha podridão. Ai, o que eu sou, meu Deus, o que eu sou de miséria e crime, ai, o que vejo dentro em mim! Parece que não posso consentir que as almas se abeirem de mim. De momento para momento aumenta o pavor pela miséria que sinto, pela criminosa que sou. Apavoro-me por sentir que elas outra coisa não podem ver em mim. Tenho medo de as escandalizar, tenho medo que elas com a visão de tantos crimes se percam. A estes sentimentos dolorosos juntam-se outros não menos dolorosos. Enlouqueço-me por elas, quero abraçá-las de tal forma a metê-las todas no Coração Divino de Jesus, a fechá-las todas no Céu. Que indizíveis sofrimentos, que sofrimentos e ânsias infinitas. Parece que é Jesus a arrancar-me o coração deste corpo imundo para o levar para Ele e com ele todos corações do mundo inteiro. Sinto, sinto que Jesus os quer e eu não posso dar-Lhos, nem aguentar com as ânsias que Ele tem de os possuir. Não sei dizer mais nada. Sinto coisas tão grandes como o Céu; sinto a necessidade de falar delas e não sei. Meu Deus, meu Deus, que poder supremo me arranca e atrai para Vós! Que loucura, que loucura a do Vosso amor! Queria falar dele e não me deixa a minha ignorância. Passei a vida esquecida do Senhor. São esses os meus sentimentos, foi assim o meu dia de ontem depois de talvez milhares de vezes pronunciar o Seu santo Nome, fiquei sem nada dizer e nada fazer por Ele. (Alexandrina Maria da Costa: S. 8 de Maio de 1953)

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