Sinto coisas tão grandes
como o Céu
A minha cruz é pesadíssima para eu levar.
Ela aumenta de dia para dia. Só vivo da confiança que Jesus a leva por mim. Mas
muitas vezes desfaleço, sinto que não tenho confiança, não tenho esperança, não
tenho nada. Não sou nada, mesmo nada, nem ao menos vermezinho da terra chego a
ser e sou ao mesmo tempo trapo imundo, trapo a desfazer-se de podridão, onde
toda a humanidade calca e se limpa ao mesmo tempo. Limpa-se e suja-se,
contamina-se com o veneno da minha podridão. Ai, o que eu sou, meu Deus, o que
eu sou de miséria e crime, ai, o que vejo dentro em mim! Parece que não posso
consentir que as almas se abeirem de mim. De momento para momento aumenta o
pavor pela miséria que sinto, pela criminosa que sou. Apavoro-me por sentir que
elas outra coisa não podem ver em mim. Tenho medo de as escandalizar, tenho
medo que elas com a visão de tantos crimes se percam. A estes sentimentos
dolorosos juntam-se outros não menos dolorosos. Enlouqueço-me por elas, quero
abraçá-las de tal forma a metê-las todas no Coração Divino de Jesus, a
fechá-las todas no Céu. Que indizíveis sofrimentos, que sofrimentos e ânsias
infinitas. Parece que é Jesus a arrancar-me o coração deste corpo imundo para o
levar para Ele e com ele todos corações do mundo inteiro. Sinto, sinto que
Jesus os quer e eu não posso dar-Lhos, nem aguentar com as ânsias que Ele tem
de os possuir. Não sei dizer mais nada. Sinto coisas tão grandes como o Céu;
sinto a necessidade de falar delas e não sei. Meu Deus, meu Deus, que poder
supremo me arranca e atrai para Vós! Que loucura, que loucura a do Vosso amor!
Queria falar dele e não me deixa a minha ignorância. Passei a vida esquecida do
Senhor. São esses os meus sentimentos, foi assim o meu dia de ontem depois de
talvez milhares de vezes pronunciar o Seu santo Nome, fiquei sem nada dizer e
nada fazer por Ele. (Alexandrina Maria da Costa:
S. 8 de Maio de 1953)
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