Segundo exame da Santa Sé
Sorri-me e
respondi-lhe: «Eu sei com certeza ao que V. Reverência vem aqui.» Ao que ele
disse: «Diga, diga, Alexandrina.» Então disse eu: «Vem de mando da Santa Sé»,
pois era o que eu sentia na minha alma nesse momento. Sua Reverência confirmou,
dizendo: «É isso mesmo.» E apresentou os documentos que tinham vindo de Roma.
Fez-me várias perguntas a que respondi. Não falei da crucifixão, mas falou-me
ele, dizendo: «Parece que há mais qualquer coisa que se passa há meses…»,
apontando a Paixão, mostrando desejo de vir assistir, como veio logo na
primeira sexta-feira seguinte.
Falando disto ao
meu Director espiritual, este aconselhou-me a que lhe falasse com toda a
franqueza. Visitou-me quatro vezes, mas só duas foram obrigatórias. Se não me
engano, logo da primeira vez disse-me: «Olhe, Alexandrina, gostava de há muito
a ter conhecido, mas não queria ter vindo como vim.» Confiou-me o segredo da
sua partida para Roma, pois naquela ocasião só era sabedor o Sr. Arcebispo.
Como me sentia
muito bem a conversar com ele e como tinha toda a licença do meu Director
espiritual, falámos muito, mesmo muito de Jesus, porque sentia-me como que
mergulhada num abismo de santidade e sabedoria, o que raras vezes me acontece,
mesmo com sacerdotes. Disse-lhe que não falava assim com outros senhores
Padres, porque não era feitio meu, mas sim pela confiança que nele sentia. Sua
Reverência respondeu-me: «Faz muito bem, Alexandrina, em nada dizer porque, se
lhes dissesse, eles não a compreenderiam.»
Chorei quando Sua
Reverência se despediu de mim na partida para Roma. Prometeu escrever-me de lá,
dizendo-me que ficaria a ser a sua intercessora na terra. Recebi algumas cartas
dele em que mostrava ter em mim inteira confiança. Respondi-lhe, e ajudámo-nos
mutuamente com orações a Nosso Senhor. (Alexandrina Maria da Costa:
Autobiografia)
Imagem: O Cónego Manuel Vilar que se tornou amigo da Alexandrina.
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